sexta-feira, 1 de maio de 2009

Filosofia de boteco europeu

17/04/2009.
Nada como o passar dos dias para o inatingível cair no campo da banalidade. Exatamente por isso que eu gosto de uma mesa de bar. Existe um provérbio popular que diz: “__Não existe nada de novo debaixo do sol.” Essa è uma sabedoria que merece reflexão. Eu me acabei por causa de um amor mal resolvido, passei noites perambulando pelas ruas e engrossando o bolso dos donos de cafés por Veneza adentro.
Aprendi que encher a cara só vai te portar uma dor de cabeça dos diabos no dia seguinte. Descobri que problemas passam com o tempo, que o álcool leva seu apreciador a uma gastrite feia. Isso quando não lhe presenteia uma cirrose pelo excesso. Mas sei que toda essa estrada foi necessária para me ensinar que o sol e o erro dos seres humanos são sempre os mesmos. Depois disso eu relaxei e vi que não fui o primeiro nem serei o último dos mortais a amar e sofrer por essa peste avassaladora, amarga e maravilhosamente destrutiva chamada dor de cotovelo.
Aquela cara por quem eu quase me matei não era tudo aquilo. Revivi um momento de adolescente, minha mente se comportou como um garotinho de quatorze anos. Depois de muito sofrer eu respirei fundo, arrumei um meio de sobrevivência novo como via de fuga e encarei. Deu certo, arrumei uma grana mais ou menos, esqueci quem não queria ir embora de minhas lembranças e ainda, aprendi uma porção de coisas novas com a situação e com os colegas de profissão.
Como foi insuportável encarar aquilo tudo. A gente do lugar me olhava como se eu fosse um extraterrestre. Eu ria da cara de merda deles, quem mandou não arrumarem mais filhos, agora têm que me suportar como cozinheiro. Sou latino mesmo, ítalo-brasileiro folgado, estabanado e com cara de quem chegou pra ficar e aprender. Nunca desrespeitei ninguém, a não serem os caras da Liga Norte, esses não merecem nada mesmo, são neonazistas disfarçados e não fazem jus ao nome de italianos. Que pena para a Itália, terra de muitos amigos e de gente que trabalha duro. Mas sempre tem lá meia dúzia de infelizes pra zuarem com a macarronada. Viram assunto de botequim.
Sabe; penso que o frio tira a excitação das pessoas. Isso mesmo, os europeus não gostam de sexo, de casamento e de filhos. Transam tarde, casam velhos e os filhos já não podem ser mais fabricados porque as mulheres estão com prazo de validade vencido. Menos a galera que conheço, parece que os mais quentes sempre são amigos de brazucas.
Descobri que esse comportamento leva os italianos a fumar uma tonelada de tabaco por ano. Brasileiro fuma, tenho que reconhecer, mas não è nada em vista do que fuma um italiano. Também são estressados, sem educação, mal humorados e, alguns deles, racistas. Levando em conta essas qualidades e as já citadas nos parágrafos anteriores, posso traçar um tratado para explicar esse comportamento; amargura! E os sul-americanos é que são afamados de aborígenes.
Em uma noite, enquanto comia meu Club Sandwich com coca-cola, observei tudo isso, então, peguei os guardanapos da mesa e comecei a escrever. Dessa forma nasce a maioria dos meus testos e das minhas poesias, porque o melhor da vida nasce dos improvisos, já que nada è novo debaixo do sol, vamos improvisar, na pior das hipóteses vai dar certo. O mais terrível sentimento è a dor de cotovelo, se ela passou o resto è lucro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário